Crítica: Metallica e Lou Reed - 'Lulu'


Para curtir o álbum colaborativo, ouça-o mais de uma vez. Foto: Divulgação.

O aguardado álbum da parceria entre o Metallica e Lou Reed será lançado mundialmente no dia 31 (e um dia depois na América do Norte). Mas, claaaro que vazou na net depois que o site oficial disponibilizou o streaming do disco.

'Lulu', singelo nome, não deve ser encarado como um CD da banda de heavy metal ou do ex-Velvet isoladamente, pois você correrá o risco de ficar extremamente decepcionado. Caso você não saiba, a ideia dessa parceria surgiu depois que eles se apresentaram juntos no Hall of Fame, em 2009.

Ouça o disco mais de uma vez, só assim você vai começar a entender essa 'bizarrice' boa. Uma mistura de poesia com rock pesado (tá, eu sei que isso não é novo...) e que funciona, como eles queriam, como uma trilha sonora de um espetáculo alemão (ideia original e letras de Reed, - músicas do próprio, junto com Hetfield & cia).

O CD, produzido pelos próprios ao lado de Greg Fidelman e Hal Willner, abre com 'Brandenburg Gate', e um violão dedilhado de mansinho, acompanhado pela voz trêmula de Reed citando versos como 'Eu arrancaria minhas pernas e tetas'. Depois de quase 1 minuto, a banda californiana entra 'quebrando tudo' com Hetfield, ao fundo, cantando 'Small Town Girl'. Soturna...

Em seguida, temos o primeiro single: 'The View', faixa que lembra muito a cover que o Metallica fez para 'Loverman', do Nick Cave, traz Reed recitando e a banda quebrando tudo ao fundo. Boa música e que sintetiza bem o álbum.

'Pumping Blood' começa com algumas cordas que remetem a 'Master of Pupets' seguida por uma guitarra que parece 'uma mosca' ('King Nothing'?). Depois, Reed proclama os versos ao som dos dedilhados de baixo e guitarra, numa 'caída' que a música dá, para depois 'subir' novamente e quase 'explodir'. Nessa, Lars Ulrich dá um 'showzinho'.

E aí vem 'Mistress Dread', uma espécie de prima de 'Damge, Inc.' trazendo o Metallica fazendo o que sabe de melhor: trash metal (speed?) puro! O único 'problema', é o vocal de Reed, que a essa altura vai me deixando um pouco 'emputecido'.

Já 'Iced Honey' é um hard rock, a única em que a voz de Lou Reed (e Hetfield fazendo backing vocal, de novo) parece se encaixar perfeitamente. E 'mel gelado' é uma boa canção, afinal de contas.

A primeira faixa a passar dos 10 minutos é 'Cheat on Me', que no início remete a 'Battery' (mas só lembra). Dessa vez, o vocal de Reed demora mais de tês minutos pra entrar (desnecessário). E pronto, temos a pior do disco (embora, quando Hetfield entra, ela dê uma sensível melhorada).

E 'Frustration' entra com tudo (embora varie ao longo de seus oito minutos). Pena que o vocal de Reed a estrague. 'Little Dog' traz o melhor do Metallica meio 'desplugado', e é só.

'Dragon' tem um belo instrumental e, de novo, a voz de Reed me dá sono (que passa rapidamente quando passo prestar atenção somente aos acordes e viradas do Metallica).

E, por fim (ufa!), 'Junior Dad', a canção que fez Kirk Hammet e Hetfield chorarem, tem acordes parecidos com 'Unforgiven III' e uma letra forte sobre (me parece) os últimos momentos em que um pai e seu filho se relacionam. Bela faixa para encerrar a boa bizarrice que é 'Lulu'.

Se você é daqueles fãs radicais do Metallica, provavelmente vai odiar o álbum. Mas dê outra chance ao disco, ele não é o trabalho brilhante que andam pregando por aí, mas certamente merece atenção.

Destaque também pra coragem da banda e de Lou Reed ao juntarem dois estilos distintos (e diferentes tipos de fãs) em um disco que foi feito, sem dúvida, para eles próprios e que deverá ter um espaço à parte em suas discografias.

Vale repetir: Este não é um CD só do Metallica ou só do Lou Reed, é apenas 'Lulu', e isso basta.

Nota do blog: 7